Os primeiros lotes da vacina experimental contra Covid-19 desenvolvida pela Pfizer serão entregues aos Estados Unidos ainda este mês. De acordo com um documento da Operação Warp Speed, no dia 15 de dezembro as primeiras vacinas estarão disponíveis.
A Operação, cujo documento foi obtido pela CNN, é um programa do governo norte-americano que busca agilizar a distribuição de uma vacina eficaz contra a Covid-19 no país. Cerca de 22 milhões de doses do imunizante já estarão prontos até a data.
Antes da chegada dos lotes, haverá uma reunião com o Comitê de Controle de Vacinas nos EUA, que deve revisar o produto após o dia 15. Além disso, também está prevista, no país, a chegada dos primeiros lotes da vacina da Moderna, que pode ser distribuída a partir de 22 de dezembro.
O jovem médico Dr. Júlio Olívio Pessini, de 39 anos, faleceu nesta tarde de quarta-feira (24) vítima do novo corona vírus. Ele estava internado na UTI do Hospital Anis Rassi em Goiânia.
Durante a pandemia o médico ajudou a salvar muitas vidas de pacientes com Covid-19.
Dr. Júlio era esposo da também médica Dra. Bruna Jost, pai do José Pedro e genro do médico Dr. Clóvis Jost.
Atualização em 25.02 às 10h38 – O corpo do médico Dr. Júlio está sendo sepultado agora no Cemitério Municipal de Água Boa.
Pasta comprará e distribuirá toda a vacina produzida pelo Butantan
O Ministério da Saúde reafirmou, hoje (9), em nota, que todas as doses da vacinas contra o novo coronavírus que o Instituto Butantan produzir ou importar serão adquiridas pelo governo federal e distribuídas exclusivamente no Sistema Único de Saúde (SUS).
Segundo a pasta, técnicos ministeriais e representantes do laboratório paulista reuniram-se ontem (8) para discutir a incorporação da CoronaVac ao Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a Covid-19.
Ao fim do encontro, ficou acertado que o governo federal terá o direito de exclusividade de compra de todo imunizante que o Butantan produzir ou importar. Além disso, caberá ao ministério disponibilizar a CoronaVac para os 26 estados brasileiros, mais o Distrito Federal, simultaneamente e proporcionalmente ao tamanho da população de cada unidade federativa.
“Assim, brasileiros de todo o país receberão a vacina simultaneamente, dentro da logística integrada e tripartite, feita pelo Ministério da Saúde e as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde”, destaca a pasta, em nota divulgada nesta tarde.
Na quinta-feira (7), o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, tinha anunciado a assinatura de um contrato com o Instituto Butantan para adquirir até 100 milhões de doses da CoronaVac. Esse contrato, no entanto, previa a compra inicial de 46 milhões de unidades a serem entregues até abril deste ano e a possibilidade de aquisição de mais 54 milhões posteriormente.
O valor total da compra passa de R$ 2.677 bilhões, incluídas todas as despesas ordinárias diretas e indiretas decorrentes da execução contratual, inclusive tributos e/ou impostos, encargos sociais, trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais, taxa de administração, frete e seguro, entre outras. O contrato já assinado estabelece que o pagamento seja realizado após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) conceder ao laboratório o registro ou a autorização para uso emergencial da vacina.
Nova reunião deve ser realizada nos próximos dias, com a participação do ministro da Saúde e de representantes do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) dos estados e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). Nesse encontro, serão detalhados os próximos passos da logística e do calendário da campanha de vacinação.
A CoronaVac é produzida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório farmacêutico chinês Sinovac.
Ainda na quinta-feira, o governo de São Paulo, ao qual o Butantan é vinculado, anunciou que os testes realizados no Brasil demonstram que a taxa de eficácia mínima da vacina contra o novo coronavírus é de 78%. De acordo com o governo paulista, entre os voluntários que participaram dos testes e contraíram a covid-19, nenhum desenvolveu a forma grave da doença. Também não foi registrada nenhuma morte entre eles.
Rafael Barifouse – Da BBC News Brasil em São Paulo
Covid-19: ‘Pandemia no Sul caminha para agravamento sem precedentes’, diz epidemiologista
A região sul do país foi num primeiro momento menos afetada pelo coronavírus, mas agora é uma das partes do Brasil mais preocupantes.
“A pandemia no Sul caminha para um agravamento sem precedentes”, avalia o epidemiologista Lúcio Botelho, professor do Departamento de Saúde Pública da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
A situação piorou significativamente no último mês em todos os três Estados da região. No Rio Grande do Sul e especialmente no Paraná, a crise nunca esteve tão séria quanto agora.
A média móvel de novos casos (a média dos últimos 14 dias imediatamente anteriores) atingiu seu pico de toda a pandemia nos dois Estados em novembro, de acordo com dados do portal Covid 19 Brasil , elaborado por pesquisadores da Universidade de São Paulo.
No último dia 29, a média chegou a 3.673 novos casos no Rio Grande do Sul, um aumento de 54% em relação ao registrado no dia 1º. No dia 30, de acordo com os dados mais recentes, era de 3.410.
O Paraná também teve um novo recorde no dia 29, com média de 3.612 novos casos, um salto de 279% em relação ao primeiro dia do mês. No dia 30, eram 3.317.
Em Santa Catarina, o pico da média móvel de toda a pandemia ainda é o dia 3 de setembro, com 6.423 novos casos. Mas a situação no Estado está bem próxima de se igualar ao seu momento mais crítico.
Em 29 de novembro, a média móvel atingiu 5.492, seu maior valor no último mês, e ficou em 5.086 no dia 30.
Foi o maior índice de todos os três Estados do Sul no último mês.
“Todas as principais regiões dos três Estados estão no ápice da curva de casos. A pandemia pode fugir do controle se nada for feito”, afirma Botelho, que médico, doutor em epidemiologia e ex-reitor da UFSC.
Transmissão em alta
Botelho aponta para a taxa de transmissão (Rt) do coronavírus para justificar sua preocupação. Essa taxa indica quantas pessoas são contaminadas em média por uma pessoa que foi infectada pelo novo coronavírus.
Quando a Rt fica acima de 1, é um sinal de que a pandemia está crescendo. Se fica abaixo, a pandemia perde força.
No dia 30 de novembro, segundo os dados mais recentes, a média mais alta era a de Santa Catarina: 1,17.
Dados mostram pandemia em expansão nos três Estados do Sul
Isso significa que 100 pessoas infectarão outras 117, que, por sua vez, deixarão outras 136 doentes e assim progressivamente.
É também em Santa Catarina que a média móvel está acima de 1 há mais tempo, desde 7 de outubro.
A segunda maior Rt média atual é a do Paraná (1,11). No Estado, a taxa está acima de 1 desde 6 de novembro.
E o Paraná chegou a registrar 1,35 em 18 de outubro, o maior índice entre os três Estados do Sul no último mês e o terceiro de todo país, atrás apenas de Sergipe e do Rio Grande do Norte.
O Rio Grande do Sul tem a terceira maior Rt média, com 1,07. O índice gaúcho está acima de 1 desde 24 de outubro, há mais tempo do que o índice paranaense.
Botelho defende que, para reverter esses índices, é necessário intensificar as medidas de distanciamento social e restringir a circulação da população.
Ele também diz ser necessário aumentar a testagem e a identificação de pessoas que entraram em contato com quem está doente para isolar os infectados e deixar em quarentena os casos suspeitos.
Só assim é possível interromper a cadeia de transmissão do vírus, diz o epidemiologista. Sem essas medidas, “o que vai acontecer é um aumento cada vez maior da pandemia.”
‘Se números não baixarem, tem que fazer lockdown’
Estes dados já começam a se refletir nos hospitais da região.
O aumento de casos já faz com que 50 pessoas estejam na fila de espera por uma vaga de UTI na região metropolitana na capital do Paraná, segundo a Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Curitiba.
A Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul recomendou que estruturas de atendimento exclusivas para a covid-19 sejam reativadas para dar conta do crescimento das infecções.
Governo do Rio Grande do Sul recomendou que leitos de covid-19 sejam reativados
A pasta também pede que os hospitais avaliem a suspensão de cirurgias eletivas no Estado, onde a ocupação das UTIs chega a 80%. O índice está acima de 90% em Porto Alegre.
Em Santa Catarina, a ocupação na rede pública atingiu era em média de 85% no último dia 30, mas chegava a quase 90% no meio-oeste do Estado e na serra catarinense.
Das 16 regiões de saúde avaliadas pela Secretaria Estadual de Saúde, 13 são consideradas atualmente como de risco gravíssimo e três como de risco grave por causa da propagação do coronavírus.
Para combater esse agravamento da pandemia, alguns Estados já começam a anunciar medidas.
O governo gaúcho anunciou novas medidas para 19 das 21 regiões do Estado que são classificadas como de alto risco, como a proibição de permanência em parques e praias e a suspensão de eventos e festas de fim de ano, inclusive em estabelecimentos privados.
Também foi reduzido o horário de funcionamento de bares e restaurantes e do comércio e determinado o fechamento de teatros, casas de shows e cinemas.
Estados estão adotando medidas para combater aumento de casos e internações
O Paraná anunciou que adotará um toque de recolher em todo o Estado entre 23h e 5h a partir da quarta-feira (2/12) e estuda fechar praças e parques.
O governo também disse que recomendará que os servidores estaduais passem a trabalhar de casa.
Em Curitiba, a prefeitura suspendeu o funcionamento de bares, casas noturnas e festas. Restaurantes, shoppings e o comércio de rua continuam funcionando, mas com restrição de horários.
O governo de Santa Catarina disse que reativará leitos de UTI e intensificará a fiscalização do uso de máscara e proibição de aglomerações.
Botelho acrescenta que é preciso ampliar as campanhas de conscientização da população para que as novas regras sejam cumpridas, mesmo com o desgaste após nove meses de medidas de controle da transmissão do vírus.
“Não é uma questão se é possível endurecer as medidas agora, é necessário. Tem que exigir, fiscalizar e multar pesado. E, se os números não baixarem, fazer lockdown por 21 dias.”